Há algum tempo eu desejava passar
um pente fino na minha vida em meus passos, nos planos, nas pessoas e no que
isso poderia, eventualmente, me trazer de positivo caso fosse uma experiência
bem sucedida. Defino esse período como sabático, e confesso ter sido
impulsionado por ingressar num relacionamento onde coincidentemente a
longevidade foi até o limite necessário para dar sentido aos pensamentos que
tanto pediam minha atenção.
De lá pra cá foram 04 anos de
exílio, por assim dizer, muitas reflexões, pequenas aventuras, algumas
confusões e crescimento em abundância. Moral. Espiritual. Conceitual.
Eis que surge um novo Rafael, assertivo
na experiência bem sucedida, menos crítico, mais paciente, um tanto relaxado,
seletivo, objetivo, sempre sarcástico e enfim, em paz consigo.
A pergunta se mantém, afinal: Por
que devo me cercar do vazio? Das pessoas vazias, com seus conceitos vazios e
não agregadores vivendo suas vidas vazias, por que tê-las comigo? Deveria eu
ser o semeador da reforma íntima que cada um de nós tem a necessidade de
realizar? Ora, mas ela não é íntima?
Já parou pra pensar que vivemos
mais de uma expectativa ao invés da realidade propriamente dita? Que o amanhã
só existirá se assim Deus permitir e que ainda assim temos que nos concentrar e
aceitar o Hoje como ele é?
Não me importa o que pensam
aqueles que só perceberam minha ausência quando eu, por conta própria, me fiz
presente. Estes não estavam sob minha mira. Os alvos foram todos os que de
alguma forma se certificaram do meu bem estar sem questionar a causa, porém,
compreendendo os motivos.
Há mais força em nosso interior
do que nos permitimos sentir, existe mais amor para doarmos do que realmente
necessitamos receber. Crescer não é fácil. Amadurecer, muito menos. Convivemos
com a necessidade implícita de errar, acertar e vivenciar para enfim, aprender
e seguir adiante.
Creio que felicidade seja algo
introspectivo ou quanto mais me concentro no que possa me fazer feliz, mais
longe fico da felicidade genuína. Ser feliz me parece o bastante, seja na dor
ou no amor.
Conhecimento é a única fonte que
não seca dentro de um ciclo que nunca cessa.
Então, se tudo depende de nós,
oras, por que nos cercamos do vazio?