terça-feira, 9 de junho de 2015

O ontem, o Agora e o Amanhã.

Meu avô era sertanejo de ter seguido carreira, ter composto e alcançado certa fama em sua época, com relação a minha avó, as únicas músicas que escutava eram aquelas relaxantes só melodia, minha mãe sempre foi mais eclética, gostava de MPB, Samba, Pagode e até certo ponto um Rock, que por sinal é a preferência de uma tia próxima na minha infância, além do próprio MPB e de bandas regionais, enfim. Eu por exemplo, não gosto de carnaval, não me atraio por samba enredo e nem por bundas mulatas na tv, o que faço então? Mudo de canal, sim, o controle remoto tem uma finalidade imprescindível.
Trabalho também com um rapaz que não come frango, que por trauma ficou anos sem comer ovo e eu, por exemplo, não sou fã de alho e beterraba, ao tempo que minha noiva abre uma lata de sardinha e simplesmente a devora como se não houvesse o amanhã, entretanto, o que tem a ver todas essas situações citadas acima?
O fato é que a nossa maior semelhança são as nossas próprias diferenças, diferenças essas que baseiam e complementam o Mundo até hoje, diferenças que desenvolvem culturas, distribuem novos conhecimentos e nos formam de tantas formas distintas em tantos momentos variáveis, diferença que só deve fazer diferença na sua vida aquilo que realmente é importante pra você, que o resto tem mais um resto de gente que pode tomar conta.
Pouco mais de 2 mil anos atrás já existia corrupção, já havia política, ganância, cobiça, poder, vício, guerras e barbaridades, deste período pra cá com exceção da inclusão e exclusão de Jesus na história, o que mudou de fato?
O que a religião nos agregou até hoje? Devo falar de toda a perseguição gerada pela Igreja católica e todo sangue inocente derramado? Devo mencionar que hoje todos aqueles que lá trás foram contra, hoje são os que perseguem? Posso levar a sério uma religião que lá trás se fundou por discordar dos métodos aplicados, hoje ser quem os aplica e que é visivelmente reconhecida por agregar ex-prostitutas, ex-traficantes, ex-viciados, excomungados, ex-gays e afins? E em suma, essas pessoas são as lideranças que hoje se opõem as transformações. Isso é ruim? Pra quem acredita em hipótese alguma, mas prova que o discurso é incrivelmente incoerente, afinal a compreensão parece ser alcançada apenas quando os favorecem.
Recentemente, algo por volta de 2 séculos atrás, os negros eram tratados ... aliás, eles não eram tratados, simplesmente existiam por alguma razão e morriam por serem escravizados, sem que houvesse qualquer menção ou clamor de misericórdia naqueles que de acordo com a "palavra" deveriam ser chamados e considerados nossos próprios irmãos, e sempre foi assim, somos ou não filhos de Deus? Hoje eles ocupam cargos de liderança, governam, estudam, andam ao nosso lado, possuem o mesmo poder aquisitivo e vivem com liberdade entre nós, algo inimaginável tempos atrás. Assim como uma onda, ela tanto pode ser um tsunami quanto atrair um surfista, a questão é interpretar o depois de sua passagem. E aliás, não existe nós e eles, apenas nós.
Portanto, questiono a veracidade desta suposta e absoluta "palavra" que é resumida dentro de um tal livro também supostamente sagrado chamado Bíblia, onde ao longo desse período vários foram os homens que a tocaram, alteraram ou descreveram seus passos, homens esses que chegaram até a trair Jesus, portanto seguindo a premissa, um Dicionário teria mais ou menos o mesmo valor, simbólico que fosse, afinal, se a Bíblia é sagrada por conter a famosa Palavra, como eu devo olhar para um Dicionário que contém todas elas? Ou melhor, que as traduz e explicita seus significados.
Ironias a parte, interpreto que a morte de Jesus na cruz para nos "salvar" nada mais é que uma última oportunidade para que num período de outros mil novos anos, sejamos capazes de atingir uma evolução moral e espiritual nunca antes vista, ao qual, colocássemos o bem comum acima de nossas vaidades, espalhássemos o amor sem subjugá-lo pela suas crenças, escolhas e afins.
Penso que o Apocalipse tão esperado e falado não virá através de um asteroide que irá nos dizimar tal qual os dinossauros, não, nós mesmos iremos nos matar, seja pelo ódio religioso, pela ganância, pelas guerras, pela destruição do planeta que acarretará no fim dos recursos naturais e nos sistemas naturais de defesa, ou pelos achismos de falsos profetas que condenam e destilam seus venenos nestes seres humanos existentes, não pensantes.
Por preguiça, por moda, por limitação, não sei, as pessoas perdem um tempo valiosíssimo no supérfluo, na vida do outro, na indução da mídia que deseja apenas audiência, na igreja que só quer tirar mais dinheiro do teu bolso, e se esquecem que em muitos anos de vida não nos tornamos capazes de desenvolver nem 8% de nosso cérebro, talvez seja o motivo pra tamanha intolerância e ignorância.
De tudo que sei e aprendi até hoje posso dizer que o Mundo é redondo, teoria por sinal que demorou a ser reconhecida, que ele dá voltas e se adapta quer você queira quer não as novas realidades, nos ergue aos céus ao tempo de nos afogar até os níveis mais profundos dos oceanos.
O Mundo não se resume a brancos, negros, índios, árabes, catolicismo, protestantismo, espiritismo e diversas outras variáveis, o Mundo é aquilo que escolhemos fazer dele e enquanto uma massa escolher o errado, assim ele será.